terça-feira, 1 de setembro de 2009

Viaje com a Carris

Já começou uma das minhas alturas preferidas: as eleições. Todo o país está a ser redecorado pelas cores partidárias e suas mensagens. Em suma, recomeça a palhaçada!
PS estima gastar 5,54 milhões de euros com a campanha eleitoral para as eleições legislativas e o PSD tem orçamento de 3,34 milhões. Não façamos contas ao dinheiro pois a campanha política é assunto sério e o futuro PM deste país é assunto ainda mais sério. Em vez de pensarmos no dinheiro que é gasto em cartazes e em toda a propaganda, vamos antes centrar-nos nessa propaganda e divertirmo-nos com ela.
Para minha grande alegria, reparei há dias que podemos contar com os cartazes de um novo partido: o MMS. O presidente do Movimento Mérito e Sociedade (MMS) pediu aos eleitores para mandarem os principais líderes políticos "para a Conchichina" nas eleições legislativas, apelando à penalização da "política cansada e inoperante". Como sabemos, “a 'Conchichina' é um país fictício que os portugueses têm no imaginário como o desterro", disse à Lusa o presidente do MMS, Eduardo Correia, para quem "é necessário mandar esta gente embora, para bem longe daqui" para "reformular profundamente a sociedade e a política portuguesa". Estes “novos” partidos que insistem em me fazer sorrir, podem criar uma certa confusão na cabeça dos demais, como aconteceu com uma inocente idosa que queria saber se este é "aquele partido da ex-mulher do Sousa Tavares", numa referência a Laurinda Alves, do recém-criado MEP.
Mas creio ainda ser cedo e tenho a íntima esperança que o melhor esteja a ser guardado para o fim. É verdade que adorei ver os cartazes em que Sócrates com seu olhar à Mona Lisa intimava telematicamente os contribuintes a votarem nele ao mesmo tempo que era observado de sorriso nos lábios e nos olhos por uma jovem moça… verde! Qual é que foi a ideia de colocarem a rapariga verde? É certo que todos os cartazes socialistas aparecem em tons da digna bandeira portuguesa, todos percebemos isso, mas estou em crer no meu íntimo que aquela se trata de uma clara referência ao Hulk. Se um Hulk feminino gosta do Sócrates, por lógica todo o mulherio gostará do Sócrates.
Todavia, tenho que abrir o meu coração e fazer-vos uma confissão. Encontro-me profundamente desiludida com a campanha do PSD. Mas o que é aquilo? Um partido que não tem ideologia, nem liderança, nem programa (sim, as 40 páginas não foram apenas para fazer frente às 120 páginas do programa socialista! Eles não têm mesmo mais nada a dizer: acreditem) seria de esperar que engendrasse uma boa campanha política! A Ferreira Leite numa tentativa de transparecer um ar confiante e simpático que resulta num raro esgar ao lado de frases supostamente ditas pelos portugueses, nem sequer me entretém. Ora francamente! “Portugal não pode ficar hipotecado”? Mas quem é que foi o tuga que pegou no telefone e ligou para a Linha da Amizade PSD e disse: “Eh pá, hipotecar Portugal era uma ganda má onda!”. Não creio! Como não creio em: “Prometam só o que conseguirem cumprir” pois acredito que não há português ingénuo o suficiente para dizer isto a um político, nem creio em “Olhem por quem mais precisa”. Afinal, alguém tem que pagar as contas do Estado e todos nós sabemos quem é que as paga, não é verdade?
Tenho esperança nos novos cartazes do BE pois “18 anos é muito tempo” é fraquíssimo tendo em conta que é um comentário bloquista e tenho sempre muita confiança nos cartazes do CDS-PP. Depois das suas perguntas afirmativas, tudo se resumiu à cara do Paulo Portas expressando um ar de grande seriedade: “Há cada vez mais pessoas a pensar como nós”. É engraçado que eu não consigo perceber se isto é uma afirmação, uma exclamação, uma interrogação ou uma ameaça… Bem, mas faz-me sorrir, isso sim.
Até agora os melhores cartazes em tons saudosamente nacionais do PS têm sido os mais vistos e, perdoem-me a imparcialidade, os melhor conseguidos. Sobre o lema “Avançar Portugal” e “Juntos Conseguimos” proclamam a todos os portugueses os bens atingidos: medicamentos genéricos, aumento do salário mínimo e crianças a aprender inglês. Devo estar a esquecer-me de algumas, mas como eles também se esqueceram de outras (nomeadamente: Correia de Campos, Mário Lino, Maria de Lurdes Rodrigues e Manuel Pinho) ficamos todos quites.
Gosto de passear de autocarro por Lisboa, foi viajando com a Carris que percepcionei toda esta maravilha legislativa. As histórias são mais que muitas dentro e fora do autocarro e preenchem-me o dia com devaneios, utopias, histórias de imensurável amor.
Hoje foi o dia de escrever sobre o meu amor pela política!

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  2. Por essas e por outras é que estou a ponderar seriamente escrever "cambada de atrasados mentais do catano" no meu boletim de voto. Há-de, pelo menos, provocar um sorriso nas fuças de quem o desdobrar

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  3. Mas tudo isto não chega aos calcanhares dos carinhos trocados nas últimas, de 2005, entre Santana e Sócrates.
    Ao confronto de titãs, S vs S,ninguém ficou indiferente. Nunca fiquei tão feliz como naquele ano por ir para o Brasil no período das eleições...

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