sexta-feira, 29 de outubro de 2010

William Carlos Williams

This is just to say

I have eaten
the plums
that were in
the icebox

and which
you were probably
saving
for breakfast

Forgive me
they were delicious
so sweet
and so cold

Obrigada Miguel Tamen :)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Elizabeth Barrett Browning

How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.
I love thee to the level of everyday's
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for Right;
I love thee purely, as they turn from Praise.
I love thee with a passion put to use
In my old griefs, and with my childhood's faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints, --- I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life! --- and, if God choose,
I shall but love thee better after death.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Medo




Jean Retz disse que "de todas as paixões, o medo é aquela que mais debilita o bom senso". Pois é, hoje falo mesmo de mim.

Nunca me considerei uma pessoa com medo, sempre fui (demasiado) inconsciente e inconsequente para poder ter medo. Nunca tive medo da (minha) morte, nunca tive medo da doença, nunca tive medo de arriscar fosse o que fosse, fosse no que fosse. Sempre a alto e bom som proclamei o meu desprezo intelectual e físico por quem tem medo! Desprezo, acima de todas, as pessoas que se contentam com o suficiente e que têm medo de ir atrás daquilo que verdadeiramente querem (já o disse o grande Pessoa "ser descontente é ser homem") e lamento as pessoas que ficam presas na armadilha do medo e cingem a sua vida ao que conhecem, ao que é (considerado) seguro.

Devo confessar que esse meu "desmedo" me tornou uma pessoa de muito pouco bom senso. Todos nós temos arrependimentos na vida, há coisas que tenho no meu passado que classifico como autênticos desperdícios de tempo (do meu e do deles e sim estou a falar de relações), mas esse sentimento não me persegue, não me atormenta e acho que se voltasse atrás nem mudaria nada na minha vida. Esta é a vantagem da falta de bom senso: no regrets!

Agora parece que a coisa mudou... Sem eu perceber como ali cheguei, encontro-me em pânico ao volante a 140 km/h na autoestrada porque, de repente, deixei de reconhecer o caminho que faço há anos. Imagens de acidentes de automóveis povoam-me a mente enquanto conduzo, atropelamentos, cada vez que atravesso a estrada, violações e estropiações cada vez que saio à noite de casa... Olho para as pessoas que amo e imagino-as mortas, imagino-me a chorar por elas, imagino-me a enterrá-las e a tentar viver sem elas... Olho para o meu corpo e vejo velhice. Dói-me a cabeça e penso em tumores, tusso e penso em cancro, fodo e penso em SIDA!
De repente, dei por mim numa espiral de medos! Não vem de mim, parece que me apanhou no caminho. Um vírus que se apanha e que se instala na nossa cabeça. Nunca tive tanto medo na minha vida e tenho medo de não parar de o sentir.
Será só uma fase e tenho que a ajudar a encontrar o seu caminho de saída...


I went to the Garden of Love,
And saw what I never had seen;
A Chapel was built in the midst,
Where I used to play on the green.

And the gates of this Chapel were shut
And "Thou shalt not," writ over the door;
So I turned to the Garden of Love
That so many sweet flowers bore.

And I saw it was filled with graves,
And tombstones where flowers should be;
And priests in black gowns were walking their rounds,
And binding with briars my joys and desires.


William Blake, The Garden of Love