sexta-feira, 12 de março de 2010


Há uma rua pequena e despercebida no Centro Comercial no Colombo.
No outro dia, como por acaso, descobri-a. Tem uma lavandaria, um talho e uma livraria. Ninguém estava nas imediações e ninguém estava dentro das lojas: "Que estranho..." No dia seguinte, assim que acabei de almoçar, levada por uma impulsiva curiosidade, voltei àquele estranha ruazinha. Vi um casal entrar para a livraria e espreitei. Dentro da livraria, um homem de bata branca encaminhou-os para uma estreita porta no fundo da loja. Esperei dez minutos até ver o homem sair da porta, sem o casal, com a bata completamente coberta de sangue, as mãos, a cara: tudo escorria sangue!!! Não queria acreditar no que estava a ver! O que fazer?!
Passei a semana toda a investigar as lojas daquela ruazinha e observei sempre a mesma horrenda situação. Então, do saco da farmácia tirei um pacote de lenços que tinha comprado juntamente com o Ilvico, uns lenços cor-de-rosa às florzinhas, os únicos que entre a escolha considerei capazes de serem assoáveis, e coloquei-o junto à montra de forma a marcar as lojas "devoradoras de pessoas".
Pessoas desapareciam por detrás de uma portinha, um homem de bata branca ensanguentado nas suas vítimas era o único a voltar. Estava eu a confirmar mais uma vez as minhas conclusões quando, de repente, me lembrei: "Tenho de ir buscar a Maria João!"
Rapidamente desci a escadas rolantes e apanhei o metro até S. Sebastião. A Maria Joaão já lá estava o que me pareceu óptimo: "Assim ainda tenho tempo de passar por lá..." Chegámos ao Colombo e cega pela minha descoberta levei a Maria João para o meio daquele espectáculo de horrores. Espreitei pela montra do talho e ninguém estava no seu posto. Entrámos com o maior dos silêncios humanamente possíveis. Abri a portinha minúscula: ninguém! Entrámos, acendi a luz que iluminou peças desconjuntadas de corpo humano por todo o lado. As galochas da Maria João chapinhavam em sangue humano. O nojo foi tanto que vomitei a um canto... A Maria João parecia não ver o mesmo que eu, ou então não o sentir da mesma forma que eu. Olhava para tudo aquilo apenas como quem observa algo com o mínimo interesse para ser observado.
Estavam a matar pessoas e a cortá-las aos pedaços, estavam a vender pessoas aos pedaços! Quem seria capaz de uma atrocidade daquelas?!
Ouvimos um barulho e saímos a correr da sala, corri com a Maria João pela mão sem parar e sem olhar para trás! Quando finalmente tive de parar para recuperar o fôlego, olhei para trás e respirei de alívio: ninguém tinha vindo atrás de nós. Voltei a mandar um pulo com as horas: estava na hora de a Maria João voltar para a escola. Apanhámos de novo o metro.
Quando ia pelo caminho em direcção à escola, avistei um homem de meia idade, muito alto e muito musculado e ao lado dele saltitava um caniche. Achei a situação estranha, mas ia tão embebida ainda nas revisões do horror que tinha testemunhado que nem percebi que ele passeava o cão com uma trela invisível. Quando passei por ele, fui apanhada pela trela, ele enlaçou-me, veio por trás de mim e começou a beijar-me o pescoço e a meter-me as mãos pela saia acima... Senti-me entrar em desespero! Tinha sido apanhada e estava cmpletamente imobilizada.
Mas, então, dos muros da escola da Maria João, vejo os Anjos, vestidos de preto, saltarem o muro e salvarem-me...

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