Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
Um dia sucede ao outro, estação após estação, somam-se os anos e o tempo passou. Anos de dor, Verões de angústia, dias de solidão, minutos de desespero. Dia após dia, hora após hora, momentos amontoados que todos somados podem ser tudo ou podem ser nada. O grande arquitecto fará a soma, o resultado será sempre uma incógnita mas a essência será sempre positiva.
Viro a minha vida do avesso como quem vira uma camisola procurando a etiqueta: a etiqueta define sempre o avesso nas costas, o decote no peito. Assim se definem os caminhos: o avesso nas costas, o decote no peito, o passado inalterável lá atrás mas sempre pesado na nuca, o decote descobre a esperança de um peito que teima em não deixar de acreditar!
Procura reconforto nas palavras, descobre compreensão nos olhares, recupera ânimo nos gestos, fecha os olhos e segue, minha alma, teimosamente cega percorre esse caminho mesmo que as vozes dos conhecidos te gritem que pares mesmo que os risos dos desconhecidos te façam duvidar do chão que antecipa o pé: teimosamente segue.
Tudo o que já foi soberbo, já caiu, tudo o que já foi certo, já foi desmentido, tudo o que já foi prometido, já foi desiludido... Por isso segue, fecha os olhos e acredita que se esse chão te faltar serão os meus braços abertos e o meu peito rasgado que encontrarás para te amparar a queda!